Pela primeira vez, os cientistas confirmaram a existência de baleias de bico com dentes de ginkgo (Mesoplodon ginkgodens ) no seu habitat natural, após décadas de dependência exclusiva de carcaças encalhadas. Esta espécie indescritível, conhecida pelos seus dentes únicos em forma de presa nos machos, foi rastreada através de monitorização acústica subaquática persistente ao largo da costa do México. A descoberta destaca o pouco que ainda se sabe sobre os cetáceos de águas profundas e as medidas extremas que os investigadores tomam para os estudar.
A caça a um fantasma subaquático
As baleias-de-bico estão entre os mamíferos marinhos menos compreendidos, passando a maior parte da vida em águas profundas e remotas. Isso torna a observação direta excepcionalmente difícil. Os pesquisadores começaram a procurar a baleia com dentes de ginkgo em 2020, depois de detectar um sinal de ecolocalização distinto. Em junho de 2024, seus esforços foram recompensados, levando-os a um pequeno grupo que incluía um macho adulto com cicatrizes de batalha visíveis, uma fêmea adulta e um filhote.
Identificando a espécie: uma biópsia indolor?
Distinguir visualmente as espécies de baleias de bico é um desafio. Para confirmar a descoberta, a equipe optou por um método controverso: coletar uma amostra de DNA atirando em uma das baleias com uma besta modificada. Os pesquisadores insistem que o procedimento é minimamente invasivo, extraindo apenas um pequeno pedaço de tecido. Eles comparam o impacto a uma arma perfurante de orelhas, observando que as mordidas de tubarão provavelmente causam muito mais danos.
Por que uma besta?
A equipa utiliza este método há décadas, recolhendo milhares de amostras de várias espécies de baleias e golfinhos. Eles argumentam que é a maneira mais eficiente de obter material genético de criaturas esquivas do fundo do mar sem causar danos graves. A amostra de tecido confirmou que as baleias eram de fato M. ginkgodens, embora a sua presença nesta parte do Pacífico tenha sido inesperada.
O Propósito das Presas
As baleias machos com bico com dentes de ginkgo desenvolvem um par de dentes alargados que se projetam como pequenas presas. Eles não são usados para alimentação – as baleias se alimentam de lulas e peixes por sucção – mas para exibições agressivas. As presas servem como armas nas batalhas por oportunidades de acasalamento, com as cicatrizes no macho observado sugerindo conflitos frequentes.
O panorama geral
Esta descoberta sublinha as vastas lacunas no nosso conhecimento da vida marinha. A monitorização acústica está a tornar-se cada vez mais vital para rastrear estas espécies escondidas. Ao ligar as chamadas subaquáticas a baleias específicas, os investigadores esperam mapear a sua distribuição, estimar o tamanho das populações e avaliar a sua vulnerabilidade às ameaças humanas, como a pesca.
“Isto é importante porque, uma vez que correspondamos aos cantos de todas as espécies individuais, poderemos utilizar a monitorização acústica passiva… e finalmente saber onde vivem estas baleias, quantas são e quão vulneráveis são.” – Robert Pitman, Instituto de Mamíferos Marinhos
A identificação bem sucedida da baleia com dentes de ginkgo serve como prova de investigação dedicada, mesmo que exija métodos não convencionais. Também destaca a urgência de uma exploração contínua, uma vez que muitas outras espécies de águas profundas permanecem não identificadas, deixando o seu destino incerto.












































