Há mais de 4,5 mil milhões de anos, uma colisão cataclísmica entre a Terra e um objeto do tamanho de Marte chamado Theia resultou na formação da nossa lua. Uma nova pesquisa sugere que este não foi um encontro aleatório: Theia pode ter se originado na mesma região do início do sistema solar que a Terra, o que significa que os dois planetas já foram vizinhos celestiais. Esta descoberta muda a nossa compreensão do nascimento da Lua e da dinâmica do início do Sistema Solar.
O grande impacto e o que sabemos
A colisão entre a Terra e Theia foi um momento decisivo na história do nosso planeta, moldando a sua composição, massa e órbita. No entanto, como Theia foi completamente destruída no impacto, muitas questões permanecem sobre as suas origens. As principais incógnitas incluem seu tamanho, composição e localização precisa de formação no início do sistema solar.
Os cientistas há muito procuram reconstruir as características de Theia analisando os restos da colisão – a Terra e a Lua. Este novo estudo centra-se nas assinaturas isotópicas de elementos em amostras de rochas terrestres e lunares para restringir as possíveis origens de Theia.
Razões isotópicas revelam pistas
A chave para reconstruir Theia reside nas proporções de diferentes isótopos (variações de elementos com diferentes números de nêutrons). No início do sistema solar, os isótopos não eram distribuídos uniformemente. Portanto, as proporções isotópicas específicas dentro de um corpo celeste podem revelar se ele se formou mais perto do Sol ou mais longe.
A equipe de pesquisa examinou isótopos de ferro, cromo, molibdênio e zircônio em 15 rochas terrestres e seis amostras lunares coletadas pelos astronautas da Apollo. A análise confirmou a estreita relação entre a Terra e a Lua, algo já conhecido de outros estudos isotópicos. No entanto, esta equipa foi mais longe, comparando as proporções de isótopos com a composição da Terra para testar diferentes cenários para o tamanho e composição de Theia.
O manto da Terra contém a chave
Uma pista crítica veio do núcleo derretido da Terra, que se formou no início da história do planeta e acumulou elementos pesados como ferro e molibdênio. Este processo deixou o manto da Terra (a camada entre a crosta e o núcleo) esgotado nestes elementos. Qualquer ferro encontrado hoje no manto provavelmente chegou depois da formação do núcleo, potencialmente carregado por Theia durante o impacto.
Como explica Thosten Klein, membro da equipa, “A composição de um corpo arquiva toda a sua história de formação, incluindo o seu local de origem.” Isto sugere que Theia entregou uma porção significativa de ferro ao manto da Terra.
O Caso da Origem do Sistema Solar Interno
Para refinar o seu modelo, a equipa comparou as assinaturas isotópicas da Terra e de Theia com as encontradas em meteoritos – fragmentos de asteróides que se formaram ao lado dos planetas. A composição da Terra se alinha com uma mistura de tipos conhecidos de meteoritos de várias partes do sistema solar. No entanto, A composição prevista de Theia não corresponde a nenhum tipo de meteorito conhecido. Isto implica que Theia pode ter-se formado a partir de materiais anteriormente desconhecidos, reforçando o argumento de que se originou mais perto do Sol do que a Terra.
Esta descoberta desafia modelos anteriores que posicionavam Theia como uma pessoa de fora do sistema solar exterior. Isto sugere que o início do sistema solar interior era um ambiente mais populoso e dinâmico do que se pensava anteriormente.
A nova investigação destaca que a Terra e Theia eram provavelmente vizinhas no início do sistema solar, nascidas dos mesmos materiais e condições. Esta informação não só refina a nossa compreensão da formação da Lua, mas também levanta questões mais amplas sobre a migração planetária e a distribuição de materiais no início do sistema solar.











































